O governo da República Tcheca tinha um projeto para restaurar um rio numa área que já foi base militar. Planos, documentos, licenças… setecentas reuniões depois — melhor dizendo, sete anos depois — nada de obra no chão. Quem entregou primeiro? Os castores.
Uma família de castores europeus apareceu, mordeu galho, arrastou tronco e ergueu a represa em dois dias. De graça. O que estava orçado em 30 milhões de coroas tchecas (cerca de R$ 7,1 milhões) saiu por zero. Sem papelada, sem retroescavadeira, sem licitação. “Construíram sem documentação e de graça”, resumiu Bohumil Fišer, gestor da área protegida onde o feito aconteceu.
Eles também não erraram o alvo. Escolheram exatamente o ponto que os engenheiros humanos tinham marcado no mapa. Jiri Vlček, zoólogo, cravou: uma equipe faria o serviço em pelo menos uma semana, isso se tudo corresse bem. Os castores fecharam a conta em 48 horas. Alguma dúvida sobre quem entende do terreno?
O resultado apareceu rápido. A barragem criou pântanos e matas alagadas, abriu micro-habitats e puxou a fila da vida de volta. Sapos, lagostins, insetos e aves migratórias ganharam endereço novo — e estável. A natureza, quando tem espaço, sabe trabalhar; a gente que atrapalha, às vezes.