Olha, a cena é comum: você abre o portão, o cão vai reto pro gramado e começa a mastigar como se fosse rúcula de domingo. Dá um frio na barriga: ele tá doente? Precisa vomitar? Nem sempre. Na maioria dos casos, é comportamento normal — e bem documentado. Estudos clássicos mostram que muitos cães comem plantas, especialmente grama, e poucos vomitam depois. Menos de um quarto vomita; cerca de 10% pareciam doentes antes. Vca
A outra metade da história é simples: cães precisam de certa quantidade de fibra. Quando a dieta está curta nisso, alguns procuram “verde” por conta própria. Outras vezes é tédio, curiosidade, gosto — ou hábito ancestral. Melhor dizendo, há um mix de motivos, e é isso que confunde. American
Cão comendo grama é geralmente normal e multifatorial; monitore sinais de alerta, aumente fibra se preciso e evite plantas tóxicas/pesticidas. Procure o veterinário se houver vômitos persistentes, letargia ou compulsão.
O que a ciência realmente encontrou
Vamos aos dados sem romance. Uma caracterização ampla de “plant-eating” em cães mostrou que grama é a planta mais ingerida, que o comportamento é comum em animais saudáveis e que vômito depois do “lanchinho” é minoria. O número que costuma chocar: 79% escolhem grama; 68% fazem isso de forma diária ou semanal. Não, isso não torna seu cão “herbívoro”; só descreve um padrão natural. ScienceDirect
Também vale encarar o mito do “ele come pra vomitar”. Pode acontecer? Pode. Mas a melhor leitura é que, na maioria, o cão não estava doente antes nem vomita depois — logo, não é uma automedicação típica. Quando há desconforto gástrico, observe o conjunto: apatia, salivação, diarreia, recusa alimentar. Aí sim, conversa com o vet. Vca
E a história da fibra? Nutrição veterinária bate nessa tecla há décadas: fibra melhora trânsito intestinal, consistência das fezes e saúde GI. Se o cão busca grama com frequência, uma revisão de dieta com mais fibra solúvel/insolúvel pode resolver parte do impulso. AVMA Journals
Por que cachorros comem grama: os vetores mais prováveis
1) Normal da espécie, com toques de tédio e curiosidade. Cães exploram o mundo com a boca; roçar, arrancar, mastigar… é estímulo sensorial. Em quintais pobres em enriquecimento, o gramado vira passatempo. Simples assim. American
2) Busca de fibra/“roughage”. Quando a dieta não entrega o suficiente, alguns cães compensam. Isso não significa deficiência nutricional grave, mas um ajuste pode cortar o comportamento. Vca
3) Hipótese antiparasitária (instinto). Em canídeos selvagens, ingerir plantas pode ajudar na eliminação de parasitas. Não é consenso em pets, mas a linha evolutiva faz sentido — e aparece em revisões e entrevistas com veterinários. Live Science
4) Pica (ingestão não alimentar) e ansiedade. Quando vira compulsão — comer qualquer planta, plástico, pano — acende outro alerta: pica, um quadro comportamental/ clínico que pede avaliação. Merck Veterinary Manual
O que é seguro e o que é risco
Aqui, zero romantização: grama “limpa” quase nunca é o problema. O problema são plantas tóxicas do jardim e químicos do gramado. A lista de plantas perigosas é longa (sago, lírios, comigo-ninguém-pode, entre outras). Consulte a base da ASPCA antes de plantar e revise o que já existe em casa. ASPCA
Sobre químicos: herbicidas e pesticidas podem aderir ao pelo e às patas; o cão lambe depois e ingere. Exposição inadequada é risco real. Planejamento e uso correto de produtos — ou simplesmente optar por manejo sem químicos — é a jogada. Cnipesticidas
Dica direta que muita gente ignora: durante passeios, não deixe o cão pastar em canteiros públicos. Além de plantas tóxicas e químicos, tem parasitas oportunistas. Boas práticas oficiais recomendam desencorajar o hábito fora de ambientes controlados. avma
Mini-caso prático
“Lola”, SRD de três anos, saudável, gramava todo fim de tarde. Não vomitava. A tutora registrou horários e contextos por uma semana e notou pico de mastigação nos dias sem passeio. O vet ajustou a ração para uma versão com mais fibra e incluiu 20 minutos de “farejo dirigido” após o trabalho. Em dez dias, o pasto virou exceção. Não é milagre — é causa e efeito bem observados.
Quando você deve se preocupar
Se o cão come compulsivamente, se há vômitos persistentes, letargia, perda de apetite ou perda de peso, não negocie: veterinário. Avaliações comuns incluem exame de fezes, bioquímica/hemograma e, conforme o quadro, imagem. A fronteira entre “comportamento normal” e “sinal clínico” é o conjunto dos sintomas, não um ato isolado. Vca
O que fazer amanhã de manhã
Defina um plano simples. Primeiro, controle o ambiente: sem plantas tóxicas, nada de gramado recém-tratado com químicos. Segundo, rotina: enriquecimento diário, passeio com cheiros, brinquedos de forrageio. Terceiro, dieta: ajuste de fibra com orientação do vet; às vezes, só isso basta. Quarto, regra na rua: “não pastar”, ponto final. Rigor agora evita dor de cabeça depois. ASPCA
cachorros comem grama porque é normal da espécie, por estímulo e, às vezes, por buscar fibra. Risco mesmo vem de plantas tóxicas e químicos do gramado. Se aparecerem sinais associados, investigue. Caso contrário, ajuste ambiente e dieta e siga o jogo.